Brasil recebe certificado de país livre da elefantíase; entenda

A eliminação da doença é relacionada ao combate as desigualdades sociais

Brasil recebe certificado de país livre da elefantíase; entenda
O Brasil foi certificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a cerimônia na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Brasília — Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

O Brasil foi reconhecido, nesta segunda-feira (11), como um país livre da filariose linfática, doença popularmente conhecida como elefantíase, sendo certificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a cerimônia na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Brasília. Além do Brasil, outro 19 países e territórios também foram certificados pela eliminação do problema de saúde pública. Sendo endêmica no Brasil apenas na região metropolitana do Recife, o último caso confirmado ocorreu em 2017. 

“Não é só sobre saúde pública. Estamos falando de um imperativo ético e moral. Se temos as ferramentas para eliminar uma doença, temos que identificar onde estão as pessoas acometidas, quais são as barreiras que existem, desenvolver novas estratégias”, disse o diretor do Opas, Jarbas Barbosa. 

O diretor ainda relacionou a erradicação da doença com questões sociais. “Eliminar uma doença é um esforço muito grande por conta das relações entre algumas doenças e a pobreza, uma relação de círculo vicioso. São os mais pobres os que mais adoecem e, quando eles adoecem, se tornam ainda mais pobres. Perdem produtividade, a família tem mais despesas para levar à unidade de saúde, à reabilitação”, avaliou o diretor da Opas. 

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, também relacionou a doença com as desigualdades sociais. 

“São causas e são efeitos ao mesmo tempo. Por isso, esse momento é tão especial. Pessoas afetadas pela filariose linfática, são a essas pessoas que dedicamos esse certificado. É a essas pessoas que esperamos poder resgatar, de alguma forma, uma dívida histórica neste país que é a dívida de cuidar, de não permitir as chamadas doenças da pobreza – e não são doenças da pobreza, são doenças da omissão, da falta de cuidado”, disse a ministra da Saúde, Nísia Trindade. 

A filariose linfática é uma doença considerada como uma das maiores causas globais de incapacidade permanente ou de longo prazo. Causada pelo verme nematoide Wuchereria Bancrofti, a enfermidade é transmitida pela picada do mosquito Culex quiquefasciatus, conhecido como pernilongo ou muriçoca, infectado com larvas do parasita. Os sintomas da doença mais expressivos são edemas ou acúmulo anormal de líquido nos membros, nos seios e na bolsa escrotal. 

CENÁRIO MUNDIAL

Conforme a OMS, em 2023, 657 milhões de pessoas em 39 países e territórios viviam em áreas onde é recomendado tratamento em massa contra a elefantíase. A organização também indica que, além do Brasil, outros 19 países e territórios também são reconhecidos pela eliminação da filariose linfática. Entre eles estão: Malawi, Togo, Egito, Iêmen, Bangladesh, Maldivas, Sri Lanka, Tailândia, Camboja, Ilhas Cook, Quiribati, Laos, Ilhas Marshall, Niue, Palau, Tonga, Vanuatu, Vietnã e Wallis e Futuna.

Entre as regiões das Américas que permanecem classificados pela entidade como endêmicos para a doença está a República Dominicana, Guiana e Haiti. A estratégia consiste na administração de quimioterapia preventiva para interromper a infecção. A meta definida pela OMS é eliminar pelo menos 20 doenças tropicais negligenciadas até 2030.

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