Internos do sistema prisional do Ceará participam da 5ª edição da Jornada de Leitura no Cárcere

Internos do sistema prisional do Ceará participam da 5ª edição da Jornada de Leitura no Cárcere

A prática da leitura no ambiente prisional vai além da remição de pena, desempenhando um papel fundamental na promoção dos direitos humanos e na ampliação das perspectivas de vida dos internos. Com o intuito de incentivar as práticas de leitura no sistema prisional brasileiro, o Observatório do Livro e da Leitura realiza a 5ª edição da Jornada de Leitura no Cárcere.

Este ano,1.047 internos participaram, de forma simultânea, em 12 unidades prisionais da Região Metropolitana de Fortaleza e do interior do Ceará. O evento é realizado pelo Observatório do Livro, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), e visa reforçar a resolução nº 391 do CNJ, que aborda a remição de pena por meio de práticas sociais educativas em unidades de privação de liberdade.

A Jornada de Leitura no Cárcere foi realizada de forma gratuita e online, com transmissões ao vivo pelo canal oficial do CNJ no YouTube. O tema central desta edição é “A Leitura como Caminho para a Liberdade” e a programação conta com paineis literários, além da participação de escritores, profissionais da administração penitenciária, da justiça, educadores, voluntários, egressos, pessoas privadas de liberdade e outros especialistas de todo o Brasil.

O principal objetivo é promover um debate sobre a leitura como ferramenta de transformação social, além de discutir as novas orientações para a remição da pena por meio da leitura de livros. Também serão apresentadas diversas iniciativas que buscam ampliar o acesso à leitura nas unidades prisionais.

A coordenadora de Inclusão Social do Preso e do Egresso, Cristiane Gadelha, comemora mais uma edição da Jornada. ““A Jornada da Leitura chega à quinta edição aqui no Ceará. Nacionalmente, é uma parceria do CNJ com o Observatório da Leitura e a Senapem, e a ideia é que os internos assistem a palestras que os sensibilizem sobre a importância da leitura. Os participantes são aqueles que fazem parte do projeto Livro Aberto, que incentiva a leitura no estado do Ceará, com mais de 10 mil leitores envolvidos mensalmente. Eles recebem livros para um ciclo mínimo de 21 dias de leitura, e o evento também envolve pessoas que ainda não participam do projeto, para sensibilizá-las sobre a importância da leitura. Mobilizamos todas as unidades prisionais envolvidas com a leitura e o projeto para que possam assistir a esses três dias de palestras no interior das unidades”, afirma.

A interna da Unidade Prisional Feminina Desembargadora Auri Moura Costa (UPF), Tamires Martins, compartilha sua experiência sobre a participação na Jornada de Leitura no Cárcere: “É gratificante participar mais um ano desse evento, porque através da leitura a gente sempre acaba aprendendo mais e ensinando outras pessoas. A leitura nos ensina muito, ela faz a gente se sentir mais livre. Por mais que a gente esteja privada da liberdade, a leitura nos faz viajar e ver o mundo melhor. A gente pode, sim, através da leitura, se tornar uma pessoa melhor e, assim, tornar o mundo melhor. Porque, querendo ou não, para nos tornarmos pessoas melhores, a gente tem que entender o mundo como um todo, pois o mundo precisa mudar bastante. O que mais me chama atenção na Jornada são os autores, como o Roberto Rocco, que está participando dessa edição. Ele já tem três livros e, através dele, a gente pode mostrar que quem está dentro da unidade prisional pode, sim, se tornar uma nova pessoa, com outros princípios e virtudes. A gente pode provar para o mundo que, por mais que a gente tenha cometido um erro no passado, não significa que vamos continuar cometendo erros”, disse.

O interno da Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim (UP-Sobreira Amorim), Geórgenes Sabareto, faz sua primeira participação na jornada e comenta a experiência. “Participar da Jornada de Leitura tem sido uma oportunidade única de crescimento pessoal. A leitura nos permite expandir nossas mentes e enxergar o mundo de uma maneira diferente. Aqui dentro, muitas vezes nos sentimos limitados, mas os livros nos dão a chance de ir além, de viajar sem sair do lugar. A jornada também nos inspira a acreditar na nossa capacidade de transformação e a mostrar que, apesar dos erros do passado, todos têm a chance de mudar e reconstruir a própria história”, afirma.

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