Prefeito eleito da capital cearense detalhou os principais desafios na área da saúde no município e criticou a gestão Sarto por não divulgar os dados

Evandro desabafa sobre “caos” na saúde pública de Fortaleza: “Está agonizando”
Prefeito eleito de Fortaleza, Evandro Leitão. — Foto: José Leomar / Alece

O prefeito eleito de Fortaleza, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), Evandro Leitão (PT), teceu novas críticas à administração do prefeito José Sarto (PDT) na capital cearense. Segundo o petista, o setor da Saúde vive um “caos estabelecido” sob a gestão do pedetista. “Está agonizando”, disse. O deputado estadual assume a Prefeitura no dia 1º de janeiro, mas já articula recursos para o município em Brasília. O futuro gestor disse que viaja na noite desta segunda-feira (2) novamente para a capital do País, em busca de mais recursos junto aos deputados federais.

De acordo com o prefeito eleito, os dados da gestão de Sarto não estariam sendo divulgados para a equipe de transição de Evandro. Segundo a comunicação da Prefeitura, ao OPINIÃO CE, as reuniões de transição estão ocorrendo “conforme combinado”. “Todas as perguntas feitas pela equipe do prefeito eleito são oficiadas e registradas por e-mail”, detalhou a gestão, que ressaltou existir um prazo estabelecido para a equipe de transição de Sarto responder. “Não há registro de questionamento sem resposta”, completou.

Com a transição de Governo em curso, o petista demonstrou preocupação. Segundo ele, não há transparência da gestão Sarto. “O que está se querendo é jogar para a população, dizer que está havendo uma transição quando, na verdade, não está. (…) estamos tendo uma dificuldade enorme para que possamos ter esses números nas nossas mãos”, continuou. “O desafio é grande, mas a partir de 1º de janeiro iremos implantar uma gestão transparente e participativa, onde iremos escutar a população fortalezense”, afirmou.

Como explicou Evandro, os primeiros 100 dias de sua gestão serão focados na Saúde e na limpeza da cidade. Para o primeiro setor, o prefeito eleito ressalta que o foco não será apenas no Instituto José Frota (IJF), maior hospital de urgência e emergência da Prefeitura e que passa por uma crise de abastecimento de insumos, mas também nos 132 postos de saúde da cidade e nos demais equipamentos. Fortaleza possui 10 equipamentos de saúde na atenção secundária e terciária.

EVANDRO TENTA LEVANTAR RECURSOS EM BRASÍLIA

Como detalhou o petista, ele deverá passar praticamente a semana inteira em Brasília, na tentativa de levantar recursos. Em relação à saúde, Evandro afirmou que “todos os dias aparece uma coisa nova”. Além do IJF, ele detalhou que a saúde pública da cidade está passando por suspensão de procedimentos cirúrgicos, falta de pagamento de mão de obra, com as cooperativas com alguns meses de atraso, e os postos de saúde também em situações precárias.

Na última semana, em Brasília, o presidente da Alece cumpriu compromissos ao lado do governador Elmano de Freitas (PT) e da senadora Augusta Brito (PT), no qual foi garantido o repasse mensal de R$ 9 milhões para o IJF. A ministra da Saúde do Governo Lula, Nísia Trindade, também participou do encontro. Evandro também esteve presente em reunião com a bancada dos deputados federais cearenses, onde foi solicitado o apoio das emendas de bancada para a Saúde. “Nossa luta será cada vez maior por uma saúde pública e de qualidade, que acolha nossa população da melhor forma”, disse.

A equipe de transição de Evandro, nesta terça-feira (3), deve visitar o IJF, como foi acordado em reunião. A Prefeitura de Fortaleza foi alvo de Ação Civil Pública (ACP) do Ministério Público do Ceará (MPCE) no início de novembro pela falta de medicamentos e insumos no hospital. No documento, são réus o prefeito Sarto, o secretário de Saúde, Galeno Taumaturgo, e o presidente do IJF, José Maria Sampaio Menezes Neto. Conforme as informações, 279 de 375 medicamentos estariam com estoque zerado, o que representa 74,40% em falta do acervo da farmácia do IJF. Já em relação a insumos médicos, como agulhas, sondas, drenos, fios de sutura, entre outros, 263 dos 513 itens estariam em falta, o que representa 51,26% do estoque. As informações foram divulgadas pelo MP cearense em nota.

Em nova agenda em Brasília nesta semana, o prefeito eleito vai tentar mais recursos junto aos legisladores do Estado na Câmara dos Deputados. “Em Fortaleza, a sua saúde está um caos, está agonizando. Cada vez mais precisamos sensibilizar os deputados federais para que eles possam alocar recursos para Fortaleza”, pontuou. O deputado estadual vê a possibilidade de “superar esse desafio” com a ajuda dos deputados federais e com a “sensibilidade do mundo político”. Nessa equação, ele inclui o governador Elmano.